quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Complementando, sobre Boris Casoy...




O blog Cloaca News resgatou reportagem da antiga revista O Cruzeiro que relaciona o jornalista ao CCC. Vale dar uma lida: http://cloacanews.blogspot.com/2010/01/exclusivo-boris-casoy-e-o-comando-do.html

sábado, 2 de janeiro de 2010

2010

O ano de 2010 se inicia. Como em todo início de ano, bilhões de pessoas no mundo fazem promessas para cumprir no novo período, acreditando que a simples mudança de data no calendário pode ativar ou re-ativar alguma nova energia dentro de si. A concretização desse blog é, em alguma medida, produto dessa crença. Espero que, ao menos no período de férias, consiga publicar aqui com alguma frequência, algo que já pensava fazer desde alguns meses, mas não conseguia realizar.

A festa de comemoração de início do novo ano é parte das tradições da humanidade, muito já se estudou sobre isso. A confraternização, a renovação das esperanças, as possibilidades de abrir-se para o novo, são coisas positivas. Até gosto, mesmo que nem sempre enxergue muito sentido e tenha muita vontade de comemorar a passagem de um dia para o outro, o nascimento de um novo dia – em princípio, só mais um dia.

Porém, algo que ficou marcado neste réveillon, ao menos para alguns, foi o outro lado da festa. Vou dedicar algum espaço a este outro lado da festa, humildemente tentando fazer alguma homenagem. Refiro-me, inicialmente, a todos aqueles que não puderam comemorar porque estiveram trabalhando para que toda a festa saísse perfeita, ou o mais perto disso. Mais especificamente aqueles que trabalharam não para ganhar milhões ou milhares na noite da virada, mas por pequenas quantias mesmo, algo que se ganha para manter sua sobrevivência básica: garçons, cozinheiras, garis, vendedores de rua, os que cuidaram da segurança e tantos outros que passaram a noite um pouco mais distante do espírito da comemoração.

Bom, estava no Orkut, visitando a comunidade de Professores do Estado do RJ, e encontrei o tópico “Boris Casoy humilha lixeiros”. O tradicional “âncora” de diversos telejornais da grande mídia brasileira, que tem uma história bastante controversa (serviços prestados ao regime militar de 64 e acusação de colaboração com o CCC), disse o que boa parte da elite burguesa, latifundiária e classe média brasileira pensam: "Que m****... dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho...". Fui buscar alguma notícia sobre o assunto em portal eletrônico – é óbvio, nada melhor que o Google para isso. Uma delas, a do Yahoo, tem como título “Boris Casoy comete gafe e humilha garis ao vivo”, ou seja, entende-se que a gafe foi ter humilhado garis ao vivo (se tivesse sido em off, tudo bem, seria normal...). A sociedade é dividida em classes e, no entendimento do jornalista, é papel dos meios de comunicação reafirmar esta divisão: garis não podem ter destaque, por mínimo que seja, na TV.

É impossível não lembrar, também, dos deslizamentos e enchentes que provocam tantas vítimas, até mesmo fatais, e não pensar sobre os caminhos que a humanidade tem percorrido que acabam facilitando a ocorrência destes acidentes, desde ocupações de encostas de modo totalmente precário em relação a condições básicas de sobrevivência humana (em geral, situação dos trabalhadores mais pobres) à destruição da natureza provocada pela irracional lógica de produção capitalista.

Que 2010 seja um ano ótimo para todos nós, sabendo que um ano ótimo não se faz de esperança (do ato de esperar), mas sim de ações concretas. E que, em breve, todos aqueles que não puderam ou não tiveram o que comemorar possam fazê-lo.